sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Ano da Misericórdia - 08/12/15

Homilia do Papa Francisco na abertura do Ano da Misericórdia
Praça São Pedro – Vaticano
Terça-feira, 8 de dezembro de 2015


Boletim da Santa Sé

Irmãos e irmãs!
Daqui a pouco, terei a alegria de abrir a Porta Santa da Misericórdia. Este gesto, como eu fiz em Bangui, muito simples mas altamente simbólico, realizamo-lo à luz da Palavra de Deus escutada que põe em evidência a primazia da graça. Na verdade, o tema que mais vezes aflora nestas Leituras remete para aquela frase que o anjo Gabriel dirigiu a uma jovem mulher, surpresa e turbada, indicando o mistério que a iria envolver: «Salve, ó cheia de graça» (Lc 1, 28).
Antes de mais nada, a Virgem Maria é convidada a alegrar-Se com aquilo que o Senhor realizou n’Ela. A graça de Deus envolveu-A, tornando-A digna de ser mãe de Cristo. Quando Gabriel entra na sua casa, até o mistério mais profundo, que ultrapassa toda e qualquer capacidade da razão, se torna para Ela motivo de alegria, de fé e de abandono à palavra que Lhe é revelada. A plenitude da graça é capaz de transformar o coração, permitindo-lhe realizar um ato tão grande que muda a história da humanidade.
A festa da Imaculada Conceição exprime a grandeza do amor divino. Deus não é apenas Aquele que perdoa o pecado, mas, em Maria, chega até a evitar a culpa original, que todo o homem traz consigo ao entrar neste mundo. É o amor de Deus que evita, antecipa e salva. O início da história do pecado no Jardim do Éden encontra solução no projecto de um amor que salva. As palavras do Génesis levam-nos à experiência diária que descobrimos na nossa existência pessoal. Há sempre a tentação da desobediência, que se exprime no desejo de projectar a nossa vida independentemente da vontade de Deus. Esta é a inimizade que ameaça continuamente a vida dos homens, tentando contrapô-los ao desígnio de Deus. E todavia a própria história do pecado só é compreensível à luz do amor que perdoa. Se tudo permanecesse ligado ao pecado, seríamos os mais desesperados entre as criaturas. Mas não! A promessa da vitória do amor de Cristo encerra tudo na misericórdia do Pai. Sobre isto, não deixa qualquer dúvida a palavra de Deus que ouvimos. Diante de nós, temos a Virgem Imaculada como testemunha privilegiada desta promessa e do seu cumprimento.
Também este Ano Santo Extraordinário é dom de graça. Entrar por aquela Porta significa descobrir a profundidade da misericórdia do Pai que a todos acolhe e vai pessoalmente ao encontro de cada um. É Ele que busca, que vem ao nosso encontro. Neste Ano, deveremos crescer na convicção da misericórdia. Que grande injustiça fazemos a Deus e à sua graça, quando se afirma, em primeiro lugar, que os pecados são punidos pelo seu julgamento, sem antepor, diversamente, que são perdoados pela sua misericórdia (cf. Santo Agostinho, De praedestinatione sanctorum 12, 24)! E assim é verdadeiramente. Devemos antepor a misericórdia ao julgamento e, em todo o caso, o julgamento de Deus será sempre feito à luz da sua misericórdia. Por isso, oxalá o cruzamento da Porta Santa nos faça sentir participantes deste mistério de amor, de ternura. Ponhamos de lado qualquer forma de medo e temor, porque não se coaduna em quem é amado; vivamos, antes, a alegria do encontro com a graça que tudo transforma.

Hoje, e em todas as dioceses do mundo, ao cruzar a Porta Santa, queremos também recordar outra porta que, há cinquenta anos, os Padres do Concílio Vaticano II escancararam ao mundo. Esta efeméride não pode lembrar apenas a riqueza dos documentos emanados, que permitem verificar até aos nossos dias o grande progresso que se realizou na fé. Mas o Concílio foi também, e primariamente, um encontro; um verdadeiro encontro entre a Igreja e os homens do nosso tempo. Um encontro marcado pela força do Espírito que impelia a sua Igreja a sair dos baixios que por muitos anos a mantiveram fechada em si mesma, para retomar com entusiasmo o caminho missionário. Era a retomada de um percurso para ir ao encontro de cada homem no lugar onde vive: na sua cidade, na sua casa, no local de trabalho… em qualquer lugar onde houver uma pessoa, a Igreja é chamada a ir lá ter com ela, para lhe levar a alegria do Evangelho. Trata-se, pois, de um impulso missionário que, depois destas décadas, retomamos com a mesma força e o mesmo entusiasmo. O Jubileu exorta-nos a esta abertura e obriga-nos a não transcurar o espírito que surgiu do Vaticano II, o do Samaritano, como recordou o Beato Paulo VI na conclusão do Concílio. Atravessar hoje a Porta Santa compromete-nos a adotar a misericórdia do bom samaritano.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

ADVENTO EM AMOR MISERICORDIOSO


Dois anos, o litúrgico e o Ano Misericórdia, vão caminhar juntos em nós, na Igreja, nas famílias, nas comunidades, nas paroquias. Só esta graça já é apelo à conversão, a viver cada momento do ano litúrgico com amor misericordioso. Vamos terminar os dois em 20 de Novembro de 2016. Caminhada intensa, de desejo de abertura à misericórdia, de mudança de vida, de renovada esperança, de desejo de mais amor fraterno, maior serviço humilde, mais compromisso de vida, maior abertura aos outros, mais atenção aos pobres e necessitados, maior adesão ao amor de Deus.

ADVENTO COM SABOR MISERICORDIA

O projeto divino da Trindade vai realizar, por misericórdia, avinda do Salvador para ser Bom Pastor que nos procura e pega ao colo, para ser Bom samaritano que nos cura e olha com misericórdia. Podemos dizer: “Vem aí a Misericórdia da pessoa do Menino”. Apreciar esta vinda de Deus para assumir nossa carne, para ser “um de nós” como acto de profunda misericórdia. Faz-Se homem para que nós sejamos “deuses”.Até esta maravilha vai a misericórdia que se debruça e vem ao nosso encontro. Viver o Advento em misericórdia significa também vivê-lo em caridade com os outros, em preparar o Natal dos pobres e marginais, a construir paz nas famílias, a unidade na paroquia, nas comunidades, nos grupos, etc. Preparar o Natal em caminhada séria e comprometida sendo misericordiosos como o Pai.

MISERICÓRDIA QUE CURA.

No Advento vamos ouvir muitos Evangelhos que relatam curas. O profeta Isaías diz que o messias vem para curar: cegos vão ver, leprosos vão ser curados, coxos e paralíticos vão andar. A misericórdia quer um reino messiânico de cura. Sobretudo cura interior, cura da alma e do coração, da vontade e da afectividade. Somos doentes: orgulho, vaidade, amor  próprio, soberba, egoísmo, ciúme, inveja, crítica, apegos desordenados, rancor, ect. Mas Ele vem para curar pois a graça é medicinal, a misericórdia quer curar-nos. Caminhar com Advento com o coração atento à necessidade da cura interior. Caminhar em desejo de ser curado. Caminhar atento no exame de consciência diário ao progresso na cura interior, que conduz à santidade e é fruto da misericórdia. Ser humilde e perceber que preciso desta cura. Quando mais me deixar curar pela misericórdia tanto mais santo e eficaz será meu apostolado, minha vida, meu trabalho, minha missão.

APRENDER COM DEUS MISERICORDIOSO


O Pai é um Deus misericordiosos e compassivo, clemente, lento a irar-se. Jesus, o “rosto do Pai”, rosto da divina misericórdia não fez outra coisa do que exercer, com seu Coração debruçado sobre a miséria, a arte divina da misericórdia. Bom e misericordiosos com as crianças,  os doentes, os pecadores, as adulteras, os publicanos, a multidão com fome, etc. Sente com-paixão, porque vive apaixonado pelo seu povo, por cada pessoa O rodeia e vem ao seu encontro. Como imitar este Jesus, que nos ama com amor louco e misericordioso? Como incarnar em nós essa misericórdia para termos sempre o coração debruçado sobre a miséria? Desde as lágrimas que chora, desde o pão que reparte, desde os olhares que tem, desde os apelos que faz, desde o sangue que vai verter como prova máxima do amor, Jesus está sempre em estado de misericórdia. Como podemos e devemos imitá - Lo? Que jeito dar à minha vida: palavras, gestos, partilha, compreensão, generosidade, etc. para viver em misericórdia como o Pai é misericórdia?

Pe. Dário Pedroso SJ
Noite de Misericórdia em Carnaxide, 05.12.2015
na ocasião da Semana Missionária!