quarta-feira, 27 de julho de 2011

EXPERIENCIA DE AMOR


“As palavras ‘experiência de amor’ não devem ser entendidas em termos de realização emocional, desejo e posse, e sim de plena consciência, total despertar ¬— uma vivência completa do amor não apenas como emoção de um sujeito que sente, mas como ampla abertura do próprio Ser, a compreensão de que Puro Ser é Dom Infinito, ou que o Vazio Absoluto é Compaixão Absoluta.”

Zen and the Birds of Appetite, de Thomas Merton
(New Directions, New York) 1973, p. 86
No Brasil: Zen e as aves de rapina, (Civilização Brasileira, Rio de Janeiro) 1972, p. 82
Reflexão da semana de 27-06-2011

Um pensamento para reflexão: “Abertura não é algo a ser adquirido, mas um dom radical que foi perdido e tem de ser recuperado (embora, a princípio, ainda esteja ‘ali’, nas raízes do nosso ser criado.)”
Zen e as aves de rapina, Thomas Merton

A HUMILDADE É SILENCIOSA


“A humildade busca o silêncio, não na inatividade, mas na atividade ordenada, na atividade própria à nossa pobreza e incapacidade diante de Deus. A humildade se põe em oração e encontra o silêncio através de palavras. Mas, como nos é natural passar das palavras ao silêncio e do silêncio às palavras, a humildade é silenciosa em todas as coisas. Até quando fala, a humildade ouve. As palavras da humildade são tão simples, tão mansas e tão pobres que encontram sem esforço o caminho para o silêncio de Deus.”

Thoughts in Solitude, de Thomas Merton
(Farrar, Straus and Giroux Publishers, New York), 1958. p. 88-89
No Brasil: Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p. 71

Reflexão da semana de 16-05-2011

Um pensamento para reflexão: “Na verdade, [as palavras de humildade] são o eco do silêncio de Deus, e, ao serem proferidas, Seu silêncio está nelas presente.”
Na liberdade da solidão, Thomas Merton

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO

(Foto do Pe. Kornelius Key, SVD com Deonizio Mendes, Anízio Mendes e Arubi Mendes)
COMENTÁRIO DO EVANGELHO - O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO (Mateus 10,7-15)

Após o chamado dos doze apóstolos, Jesus os envia em missão, fazendo-lhes várias recomendações.

A primeira recomendação é que o Reino do Céu está perto. Portanto, todo o mundo inteirando-se da sua aproximação tem de estar de sobreaviso. É preciso que os Apóstolos participem do ministério do Mestre: Curem os leprosos e outros doentes, ressuscitem os mortos e expulsem os demônios.

Eles devem continuar a missão de Jesus: dar vida, devolver a liberdade e resgatar a dignidade das pessoas oprimidas.

São enviados para fazer toda a espécie de bem sem cuidarem de recompensa e a não se preocuparem de quem. Contando se cumpra o projeto de Deus e o dia do juízo não venha a surpreender alguém.

Este convite hoje é feito à mim como sacerdote, consagrado ou consagrada. Leigo ou leiga. Todos somos convocados a anunciar o Reino dos Céus. Mas muitas vezes nos falta a coragem de sair de nós mesmos para O ir anunciar. Peçamos a ele que envie muitos e santos sacerdotes. Muitos e santos casais sem nos preocuparmos com o que haveremos de receber em troca.

Lembro-te que o despojamento é um ato de libertação do missionário para colocar-se inteiramente a serviço da missão. É um ato de confiança na providência de Deus, que opera através dos homens e mulheres aos quais são enviados, e que acolherão estes missionários.
Por isso reze comigo: Senhor Jesus ensinai-me a ser generoso. A servir-Vos como Vós o mereceis. A dar-me sem medidas a combater sem cuidar das feridas, a trabalhar sem procurar descanso a gastar-me sem esperar outra recompensa senão saber que faço a vossa vontade santa amén!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

"PERMANECEI NO MEU AMOR"

“Permanecei no meu amor.”

Amar e sentir-se amado é uma das aspirações mais profundas, mais importantes e mais urgentes da vida de uma pessoa. Não amar e não ser amado produz sempre um mal-estar incurável, que pode descambar na depressão, na solidão e no abandono.
No evangelho de São João 15-9-11 nos ensina que existe um amor que supera todo tipo de amor existente no mundo e que é capaz de curar qualquer mal interior ou exterior que possa existir no ser humano.

Trata-se do amor que Jesus tem por nós. É o máximo que alguém poderia desejar e esperar, por dois motivos: em primeiro lugar porque Jesus, como Filho de Deus, é uma fonte inesgotável de amor. Em segundo lugar, porque a sua vida como Deus-homem foi o modelo mais perfeito que possa existir na arte de amar.

E o evangelho fala justamente disso: que Jesus nos oferece a medida do amor, quando afirma que seu amor é capaz de dar a vida pelos amigos. Ele deu a sua vida a ponto de ser humilhado na carne e deixar-se imolar no patíbulo da cruz.

Essa foi a maneira que Ele encontrou para nos ajudar a mergulhar novamente no coração do próprio Deus. Pagou com a própria vida o preço do nosso resgate. Assim, podemos compreender o apelo que Ele nos faz hoje: “permanecei no meu amor”. Nesse apelo estão traduzidas a grandiosidade e a perfeição do amor: “Como o Pai me amou, assim também Eu vos amei”.
Este dom sem medida é a condição indispensável para viver em comunhão com Jesus, mas é também de onde tiramos a força interior para observar os seus mandamentos, não por medo ou por temor, mas porque nos convencemos de que a sua proposta é o melhor para nós.
Como o amor que nos é doado é da mesma natureza e da mesma intensidade com que Deus Pai e seu Filho vivem a intimidade divina, assim também a nossa obediência a Cristo deve ter as mesmas características daquela pratica por Jesus em relação a Deus, seu Pai.

Da consciência de ser amados e da certeza de que somos capazes de amar, brota a verdadeira alegria no coração do homem: “isto vos disse para que a minha alegria esteja em vós e vossa alegria seja plena”. Ou seja, no coração dos servos obedientes habitará a própria alegria de Cristo. É por isso que São Paulo pode dizer: “já não ou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”.

Jesus nos amou da mesma forma que o Pai amou a Ele. Sendo Deus, Jesus não teria outra forma de nos amar que não fosse a mesma que a do Pai: um amor puro, verdadeiro e concreto, que não depende de uma acção em contrapartida do ser amado... Um amor que muitas vezes nós, apenas seres humanos, não conseguimos descrever ou compreender, apenas se deixar envolver por ele...
Diante disso Jesus nos faz um pedido: “Permanecei no meu amor.”

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Kenny G - The Moon Represent my Heart

Sereis santos, porque eu sou SANTO” (Lev. 11,45).

Ser santo é ser dócil para “deixar-se conduzir” pelos impulsos de Deus, por onde muitas vezes não sabemos e não entendemos. Seus caminhos não são os nossos caminhos. Este “deixar-se levar” pela mão providente de Deus é uma ousadia. Na vida espiritual a liberdade tem que ser ousada, mas a maior ousadia é “deixar-se levar”.

O mundo moderno exige uma nova forma de santidade: a santidade da “vida quotidiana”, da resposta à Providência divina em meio às rotinas do tempo, uma caridade tecida nos pequenos gestos cotidianos.

Surge a imagem de um(a) santo(a) que é filho(a) do momento e da situação presente... cujo agir se processa no mundo em que está encarnado. Não é o trivial ou o excepcional que distingue a santidade do ato: o que importa é sua correspondência à Vontade de Deus expressa na situação concreta.

O(a) inaciano(a) que passou pela experiência dos Exercícios, é aquele(a) que, na “loucura santa”, revela uma pulsão de vida para o mundo, é um biófilo (amigo da vida); é um(a) co-operador(a), agindo sob o primado da escuta da Palavra de Deus dita na e pela situação.

Diante de uma realidade que ameaça o ser humano pelo anonimato, pelo artificialismo, pela massificação, o santo da atualidade restaura a inviolabilidade do “sacrário” mais íntimo da existência individual seu núcleo original enquanto pessoa: o diálogo com Deus. Um diálogo que se dá dentro do mundo, não para negá-lo, mas sim para injetar no interior das veias deste mundo a Graça transfiguradora da Caridade.

Crucificando a verdade

“Tornamo-nos reais ao dizer a verdade. O homem dificilmente consegue esquecer que precisa conhecer a verdade, pois nosso instinto de saber é forte demais para ser destruído. Mas pode esquecer o quanto precisa, também, dizer a verdade. Só podemos conhecer a verdade se nós mesmos formos plasmados por ela.”

A Thomas Merton Reader, editado por Thomas P. McDonnell
(Image Books, A Division of Doubleday @ Company, Inc. Garden City, NY), 1962 p. 120