sábado, 6 de junho de 2009

SANTÍSSIMA TRINDADE

1 – Compreensão facilitada nas leituras

As leituras que ouvimos não oferecem grande dificuldade de compreensão. Demonstram como Deus utiliza-se de coisas pequenas para plantar o seu Reino entre nós. Foi o caso de um broto de cedro, na 1ª leitura, uma semente ou um grão de mostarda, a menor de todas as sementes, como explicou Jesus, para plantar o seu Reino. A primeira conclusão: o plantio do Reino de Deus não acontece pela grandeza, por coisas vistosas, mas pela simplicidade. Considerando o processo vital de uma semente, que germina escondida e silenciosamente, compreendemos que o Reino de Deus não faz barulho, forma-se no silêncio, em terrenos que oferecem condições para germinar, florescer e frutificar. Em resumo, o Reino de Deus acontece entre nós na simplicidade de uma semente e no silêncio do seu germinar. Um olhar para a 2ª leitura, lembra que se acolhemos as sementes do Reino em nossas vidas, serão os frutos desse acolhimento que iremos apresentar quando comparecermos diante do Tribunal de Cristo, como explica Paulo. Assim, eu poderia concluir minha homilia por aqui, mas vou estender minha reflexão, chamando atenção para a lição do transplante, que se encontra na 1ª leitura.

2 – A lição do transplante

Ezequiel conta que Deus vai tomar um broto de cedro, o broto que se encontra no local mais alto, para transplantá-lo para uma terra capaz de germiná-lo, onde possa florescer e frutificar. Quando Ezequiel fez essa profecia, o povo vivia no exílio, vivia num país que não era seu. Era um povo com saudades de sua terra, de seus campos, de suas cidades. Um povo que passava por uma crise social muito séria e começa a ficar deprimido por causa disso. É quanto Ezequiel, percebendo a baixa-estima social, convoca o povo a resistir e confiar em Deus. A relação do que aconteceu entre o povo no exílio e o que acontece em nosso momento histórico, não é muito diversa. Como aquele povo, também nós estamos em crise; como aquele povo, hoje comunidades inteiras vivem deprimidas por causa da crise; como aquele povo, precisamos ser transplantados para locais onde a vida possa florescer e produzir frutos. Para nós, a interrogação de Ezequiel é esta: por que você vive em locais que não produz vida? E o incentivo é este: deixe Deus te transplantar para locais onde a vida possa frutificar.

3 – Deus age escondido e silencioso

Outro elemento ao qual quero chamar atenção é o silêncio de Deus. Diante de tantas crises que nos atingem, (da qual a crise econômica é a mais vistosa), muita gente se pergunta: onde está Deus? Quando no final de abril começaram as notícias da “gripe A” (gripe suína), que matou tanta gente no México e em outros países, muitas pessoas vieram perguntar se isso era castigo de Deus, além daqueles que voltaram com a mesma interrogação do salmista: será que Deus se esqueceu de nós? Será que Deus não tem mais pena de nós? A primeira parábola de Jesus ajuda-nos a compreender o jeito divino de agir. Jesus começa dizendo que o agricultor prepara a terra e joga a semente, depois vai dormir. O trabalho do agricultor, portanto, é preparar a terra e semear, depois, sem saber como, a semente germina, cresce... esse é o trabalho de Deus, fazer a semente germinar, fazer crescer a planta; é um trabalho silencioso, que não vemos. Por isso, a quem nos pergunta, onde está Deus, a gente responde: Deus está agindo silenciosamente entre nós, fazendo crescer aquelas sementes que plantamos.

4 – Preparar o terreno e semear

Mas, aqui surge uma questão: embora pudesse — porque Deus tudo pode — ele precisa de nós para fazer crescer a semente. Ou seja, se nós não preparamos o terreno, se nós não semeamos a semente da vida, do Evangelho, Deus não pode agir no silêncio para fazer a semente germinar e nem dar frutos. A crise econômica e as tantas crises que passamos (família, educação, saúde, religiosa, vocacional...) não é culpa de Deus, é nossa, que deixamos de semear a vida para semear a ganância, a avareza, o consumismo; e então entramos numa crise. A semente plantada não foi boa. O jeito como lidamos com a natureza, o modo como se manipula a vida também são sementes que geram doenças e vírus que nunca tínhamos visto, como foi daquela “gripe A”. Aquela semente e aquele grão de mostarda são incentivos que nos dizem uma coisa muito consoladora: se queremos viver precisamos semear vida, precisamos semear o Evangelho e, mais consolador ainda, a semente é simples, pequena, humilde e silenciosa; quer dizer, não precisamos de nada grande. Basta abrir as mãos e semear o Evangelho. Vou concluir com uma pergunta bem clara e direta a você: que tipo de semeador você é? Amém!

Reflexão do Pe. Gregorio Olapito, SVD

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