sábado, 14 de novembro de 2009

ANO B, 33º DOMINGO DO TEMPO COMUM

EVANGELHO – Mc 13,24-32

A linguagem que Marcos vai utilizar para descrever a falência dos impérios que lutam contra Deus e contra os seus santos. Trata-se de uma linguagem tradicional que, no entanto, é perfeitamente perceptível para leitores de Marcos. No mundo grego, por exemplo, o sol e a lua (“Élios”, e “Selénê”) eram adorados como deuses; e, no mundo romano, o imperador identificava-se como “o sol”

A mensagem é evidente: está para acontecer uma viragem decisiva na história; a velha ordem religiosa e política, os poderes que se opõem a Deus e que perseguem os santos, irão ser derrubados, a fim de darem lugar a um mundo novo, construído de acordo com os critérios e os valores de Deus. Marcos não se refere, aqui, àquilo que nós costumamos chamar “o fim do mundo”; mas refere-se, genericamente, à vitória de Deus sobre o mal que oprime e escraviza aqueles que optaram por Deus e pelas suas propostas.

A queda desse mundo velho aparece associada à vinda do Filho do Homem (vers. 26). A imagem leva-nos a Dn 7,13-14, onde se anuncia a vinda de um “Filho do Homem” “sobre as nuvens do céu” para afirmar a sua soberania sobre “todos os povos, todas as nações e todas as línguas”. O “Filho do Homem, cheio de poder e de glória, que virá “reunir os seus eleitos” (vers. 27), não pode ser outro senão Jesus. Com esta imagem, Marcos assegura aos crentes o triunfo definitivo de Cristo sobre os poderes opressores e a libertação daqueles que, apesar das perseguições, continuaram a percorrer com fidelidade os caminhos de Deus.

A mensagem proposta por Marcos aos seus leitores é clara: espera-vos um caminho marcado pelo sofrimento e pela perseguição; no entanto, não vos deixeis afundar no desespero porque Jesus vem. Com a sua vinda gloriosa (de ontem, de hoje, de amanhã), cessará a escravidão insuportável que vos impede de conhecer a vida em plenitude e nascerá um mundo novo, de alegria e de felicidade plenas. O quadro destina-se, portanto, não a amedrontar, mas a abrir os corações à esperança: quando Jesus vier com a sua autoridade soberana, o mundo velho do egoísmo e da escravidão cairá e surgirá o dia novo da salvação/libertação sem fim.

Na segunda parte do nosso texto (vers. 28-32), Jesus responde à questão posta pelos discípulos em Mc 13,4: “Diz-nos quando tudo isto acontecerá e qual o sinal de que tudo está para acabar”.
Para Jesus, mais importante do que definir o tempo exacto da queda do mundo velho é ter confiança na chegada do mundo novo e estar atento aos sinais que o anunciam. O aparecimento nas figueiras de novos ramos e de novas folhas acontece, sem falhas, cada ano e anuncia ao agricultor a chegada do Verão e do tempo das colheitas (vers. 28-29); da mesma forma, os crentes são convidados a esperar, com confiança, a chegada do mundo novo e a perceber, nos sinais de desagregação do mundo velho, o anúncio de que o tempo da sua libertação está a chegar. Certos da vinda do Senhor, atentos aos sinais que O anunciam, os crentes podem preparar o seu coração para O acolher, para aceitar os desafios que Ele traz, para agarrar as oportunidades que Ele oferece.

Não há uma data marcada para o advento dessa nova realidade (vers. 32). De uma coisa, no entanto, os crentes podem estar certos: as palavras de Jesus não são uma bela teoria ou um piedoso desejo; mas são a garantia de que esse mundo novo, de vida plena e de felicidade sem fim, irá surgir (vers. 31).

• Os cristãos, convictos de que Deus tem um projecto de vida para o mundo, têm de ser testemunhas da esperança. Esse Deus que não abandona os homens na sua caminhada histórica vem continuamente ao nosso encontro para nos apresentar os seus desafios, para nos fazer entender os seus projectos, para nos indicar os caminhos que Ele nos chama a percorrer. Da nossa parte, precisamos de estar atentos à sua proximidade e reconhecê-l’O nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem e que buscam a libertação. O cristão não pode fechar-se no seu canto e ignorar Deus, os seus apelos e os seus projectos; mas tem de estar atento e de notar os sinais através dos quais Deus Se dirige aos homens e lhes aponta o caminho do mundo novo.

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